Arquivo de Scórpio biográfico - Carvalho Calero 2020

Recursos

Scórpio biográfico

Em 1987 Ricardo Carvalho Calero publica o romance Scórpio que maravilha o mundo cultural galego e recebe o Prémio da Crítica de narrativa. Nele aparecem vários episódios biográficos inspirados na vida do próprio autor

1910

Entre os rapazes de sexto curso do colégio, que acabamos de obter o grau de bacharel, todos sabíamos qual era o nosso signo, e soíamos nomear-nos por ele. Eu som Sagitário. Rafael Martínez é Scórpio. (Sagitário, cap. IX da 1ª parte)

Ricardo Carvalho Calero nasce em Ferrol no dia 30 de outubro de 1910, sob o signo do escorpião

1910

1926

Estamos matriculados no primeiro curso de Filosofia e Letras, que é ao mesmo tempo preparatório de Direito. Temos todo o ano académico para pensarmos se em definitiva havemos seguir a carreira de Filosofia e Letras, que é a que nos atrai, na nossa condiçom de literatos, ou a de Direito que tem mais porvir (económico). (Sagitário, cap. X da 1ª parte)

Começa a cursar Filosofia e Letras e o preparatório de Direito na Universidade de Santiago de Compostela em 1926

1926

1927

Dixérom-nos que se éramos poetas podíamos ingressar no Seminário mediante a leitura de um conjunto de versos, em galego, naturalmente. (Sagitário, cap. X da 1ª parte)

Torna-se membro do Seminário de Estudos Galegos en 1927 (do qual chegou a ser secretário geral)

1927

1928

Salgueiro, que já fora presidente da Associaçom Profissional de Alunos de Direito, foi designado para este curso presidente da Federaçom Universitária Escolar do distrito, mas ao converter-se em soldado, resignou as suas funçons no vicepresidente Domínguez. (Sagitário, cap. XLI da 1ª parte)

Na sua etapa de estudante em Compostela, faz parte do movimento estudantil, chegando a presidir a Federação Universitária Escolar

1928

1931

Em 1926 entrou comigo no edifício da Universidade de Santiago; em 1931 rematou Direito com todos os honores. (Francisco, cap. LII da 1ª parte)

1931 – Gradua-se brilhantemente em Direito

1931

"Salgueiro, como presidente da Associaçom Profissional de Alunos de Direito, apresentou Jiménez de Assúa no Paraninfo da Universidade, onde o famoso catedrático pronunciou umha conferência sobre o projecto de Código Penal (Cap. XXXIII da 1ª parte)"

Ricardo Carvalho Carelo apresentou uma memorável conferência de Jiménez de Asúa no Paraninfo da Universidade de Santiago (p. 50 Conversas en Compostela con Ricardo Carvalho Carelo)

1931

Nom sei como conseguim arrastar Scórpio à assembleia fundacional do Partido Galeguista. (…). Agora, tornados a Ferrol, somos dous afiliados, com a condiçom de fundadores, do Partido Galeguista. (Sagitário, cap. L da 1ª parte)

Participa na fundação do Partido Galeguista e contribui à redação do anteprojeto do Estatuto de Autonomia para a Galiza.

1931

No capítulo LXVI da primeira parte do Scórpio: "Prémio extraordinário de Licenciatura, nom há em Ferrol moço com mais prestígio intelectual que ele".

1931- Obtém o Prémio Extraordinário da Licenciatura de Direito.

1931

1936

Rafael e mais eu somos os únicos hóspedes neste sexto andar do número 7 da rua do Pez. (…) Assi estamos a um passo de Sam Bernardo, onde se celebram os exercícios. (Casado, cap. I da 2ª parte)

Nos últimos dias de junho de 1936, Carvalho desloca-se a Madrid para concorrer às provas de professores encarregados de curso e ao concurso a cátedras de bacharelato. Instala-se numa pensão situada no sexto andar do número 7 da Rua do Pez.

1936

Nom o é menos, mutatis mutandis, o corpo de aspirantes, no qual figuram nomes mui conhecidos: Laura de los Ríos, filha de dom Fernando; Isabel García Lorca, irmá de Federico; Gonzalo Menéndez-Pidal, filho de dom Ramom; José Maria Quiroga Plà, genro de Unamuno. (Casado, cap. I da 2ª parte)

Nestas provas participam como parceiros de Carvalho algumas pessoas conhecidas que são mencionadas com o seu nome real em Scórpio.

1936

Rafael e mais eu somos os únicos alunos licenciados por Salamanca que passárom o primeiro exercício. (Casado, cap. II da 2ª parte)

Carvalho é um dos poucos galegos que supera a primeira eliminatória da prova

1936

Temos, enfim, os exercícios suspendidos. O Governo informou por rádio ao público dos acontecimentos que se iniciárom em África. (Casado, cap. XI da 2ª parte)

O concurso para cátedras do ensino secundário que devia começar a 3 e 10 de agosto de 1936, finalmente não se realiza por causa da sublevação militar e o posterior início da Guerra Civil

1936

Hoje recebeu Rafael um telegrama que lhe anunciava o nascimento de umha nena dada a luz pola sua mulher. (Casado, cap. X da 2ª parte) Mas a que é verdadeiramente angustiosa é a situaçom de Martínez. Recebe um telegrama anunciando-lhe o nascimento do seu primeiro filho, e imediatamente fica cortado todo contacto com a sua família. (Casado, cap. XV da 2ª parte)

Pouco antes de se cortar a comunicação com a Galiza, Carvalho recebe em Madrid a notícia do nascimento da sua primeira filha

1936

As medidas para a defesa de Madrid consistiram em pedir-nos a nossa filiaçom e inscrever-nos como milicianos no Batalhom da FETE que se está organizando. (Casado, cap. XVIII da 2ª parte) Antes tivemos que identificar-nos, e foi a primeira vez que pudem amostrar um documento satisfatório: o que me acreditava como membro do Batalhom da Federaçom Espanhola de Trabalhadores do Ensino, o batalhom «Félix Bárzana», assi chamado em honor de um mestre morto, seica em Somosierra, nos primeiros combates. (Casado, cap. XVIII da 2ª parte)

Carvalho alista-se numa unidade de milicianos composta por profissionais do ensino e sindicalistas, um batalhão da FETE-UGT que recebe o nome do mestre comunista Félix Bárzana, morto nos primeiros momentos da guerra

1936

Estamos na colónia de Villaverde, que foi tam precipitadamente evacuada, que os chalés que a componhem conservam quase todo o seu enxoval. (Casado, cap. XXVII da 2ª parte) Fomos trasladados ao bairro de Usera, tam famoso polos furiosos combates dos primeiros dias do sítio. (Casado, cap. XXXI da 2ª parte)

Entre 1936 e1939, Carvalho participa na defesa de Madrid na altura de Villaverde, na estrada de Andaluzia, e no bairro de Usera

1936

O exército regular da República, sucessor das milícias populares dos primeiros momentos, necessita oficiais, e formará como tais as pessoas cultas que lhe mereçam confiança por terem acreditado a sua lealdade luitando como voluntários contra os facciosos. (Barreiro, cap. XXXVI da 2ª parte)

1936-1939 Por mor da sua preparação intelectual, é selecionado para se formar como oficial

1936

1937

Chamava-se-lhe o Comandante De Pablo, ainda que resultava evidente ser este nome tam espanhol um nome de guerra, escolhido para ocultar o seu próprio nome, talvez de difícil pronúncia. Nom sabíamos se era russo, checo ou búlgaro. (Barreiro, cap. XXXVII da 2ª parte)

O Batalhão Félix Bárzana pertencia a uma Brigada sob o mando do general soviético Dimitri Pávlov, conhecido pelo pseudónimo Comandante De Pablo

1937

1938

De momento, Rafael ouviu a explosom e sentiu-se repentinamente cego. «Estou ferido», dixo, sem alçar a voz mais do indispensável para ser ouvido. «Nom vejo», acrescentou. (Casado, cap. XXXIII da 2ª parte)

Durante os combates de trincheiras no bairro de Usera, Carvalho é ferido nos olhos

1938

Todos os dias imos e vimos, num comboio, de Valência a Paterna. O sol ri sobre a horta levantina. Depois das provas de ingresso, ficaremos internos na Escola. (Barreiro, cap. XXXVII da 2ª parte)

1936-1939 – Muda-se para Valência e assiste aos cursos de uma escola de formação de oficiais em Paterna

1938

1939

Estava, naturalmente, tam longe de pensar que ia tropeçar-me em Úbeda, que ia ser eu a mulher do Chefe de Estado Maior do Corpo de Exército a cuja Plana Maior acabava de incorporar-se, que nom pudo conter a impressom que a minha vista lhe produziu até o ponto de evitar que por um instante se lhe paralisasse o coraçom, e o sangue se retirasse do seu rosto. (Cleo, cap. XLI da 2ª parte)

1936-1939- Incorpora-se com o grau de tenente à plana maior do IX Corpo do Exército, em Andaluzia. É destinado primeiro a Úbeda e depois a Jaém

1939

Umha completa cronobiografia do autor poderás encontrá-la na U.D. “À descoberta de Carvalho” (Bernardo Penabade) dentro dos materiais para o ensino.

Relacionadas

João Lousada

Nasceu em Ourense em 1975. Cursou Ciências Empresariais na UVIGO, e também ADE e Ciências da Cultura e Difusão Cultural na USC. Na atualidade é funcionário da Intervenção Geral da Segurança Social em Ourense. Sócio da AGAL desde 2009, colabora habitualmente com a associação em questões administrativas.

Entre os rapazes de sexto curso do colégio, que acabamos de obter o grau de bacharel, todos sabíamos qual era o nosso signo, e soíamos nomear-nos por ele. Eu som Sagitário. Rafael Martínez é Scórpio. (Sagitário, cap. IX da 1ª parte)

Dixérom-nos que se éramos poetas podíamos ingressar no Seminário mediante a leitura de um conjunto de versos, em galego, naturalmente. (Sagitário, cap. X da 1ª parte)

Salgueiro, que já fora presidente da Associaçom Profissional de Alunos de Direito, foi designado para este curso presidente da Federaçom Universitária Escolar do distrito, mas ao converter-se em soldado, resignou as suas funçons no vicepresidente Domínguez. (Sagitário, cap. XLI da 1ª parte)

Em 1926 entrou comigo no edifício da Universidade de Santiago; em 1931 rematou Direito com todos os honores. (Francisco, cap. LII da 1ª parte)

"Salgueiro, como presidente da Associaçom Profissional de Alunos de Direito, apresentou Jiménez de Assúa no Paraninfo da Universidade, onde o famoso catedrático pronunciou umha conferência sobre o projecto de Código Penal (Cap. XXXIII da 1ª parte)"

Nom sei como conseguim arrastar Scórpio à assembleia fundacional do Partido Galeguista. (…). Agora, tornados a Ferrol, somos dous afiliados, com a condiçom de fundadores, do Partido Galeguista. (Sagitário, cap. L da 1ª parte)

No capítulo LXVI da primeira parte do Scórpio: "Prémio extraordinário de Licenciatura, nom há em Ferrol moço com mais prestígio intelectual que ele".

Rafael e mais eu somos os únicos hóspedes neste sexto andar do número 7 da rua do Pez. (…) Assi estamos a um passo de Sam Bernardo, onde se celebram os exercícios. (Casado, cap. I da 2ª parte)

Nom o é menos, mutatis mutandis, o corpo de aspirantes, no qual figuram nomes mui conhecidos: Laura de los Ríos, filha de dom Fernando; Isabel García Lorca, irmá de Federico; Gonzalo Menéndez-Pidal, filho de dom Ramom; José Maria Quiroga Plà, genro de Unamuno. (Casado, cap. I da 2ª parte)

Rafael e mais eu somos os únicos alunos licenciados por Salamanca que passárom o primeiro exercício. (Casado, cap. II da 2ª parte)

Temos, enfim, os exercícios suspendidos. O Governo informou por rádio ao público dos acontecimentos que se iniciárom em África. (Casado, cap. XI da 2ª parte)

O exército regular da República, sucessor das milícias populares dos primeiros momentos, necessita oficiais, e formará como tais as pessoas cultas que lhe mereçam confiança por terem acreditado a sua lealdade luitando como voluntários contra os facciosos. (Barreiro, cap. XXXVI da 2ª parte)

Chamava-se-lhe o Comandante De Pablo, ainda que resultava evidente ser este nome tam espanhol um nome de guerra, escolhido para ocultar o seu próprio nome, talvez de difícil pronúncia. Nom sabíamos se era russo, checo ou búlgaro. (Barreiro, cap. XXXVII da 2ª parte)

De momento, Rafael ouviu a explosom e sentiu-se repentinamente cego. «Estou ferido», dixo, sem alçar a voz mais do indispensável para ser ouvido. «Nom vejo», acrescentou. (Casado, cap. XXXIII da 2ª parte)

Todos os dias imos e vimos, num comboio, de Valência a Paterna. O sol ri sobre a horta levantina. Depois das provas de ingresso, ficaremos internos na Escola. (Barreiro, cap. XXXVII da 2ª parte)

João Lousada

organiza

colabora

CARVALHO CALERO

Eventos

Sobre nós

de utilidade